Resumo do Mês…

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AMOR ROMÂNTICO NA LITERATURA INFANTIL: UMA QUESTÃO DE GÊNERO

Suyan Maria Ferreira Pires

Doutora em Educação -UFRGS

Educar, Curitiba,n 35, p. 81-94, 2009 Editora UFPR

A autora inicialmente faz uma caracterização da era contemporânea, classificando-a de Pós Modernidade, (Hall, 1997-1998 e Paters-2000). Neste contexto o período é definido como amplamente dominado pela sociedade de consumo e pelos constantes estímulos as satisfações pessoais imediatas em detrimento a causas mais amplas e processos mais complexos, seguindo as ideias de Dória (2008) a contemporaneidade define-se como a era de extrema competitividade sendo este comportamento estimulado e socialmente desejado. A autora reflete os tempos atuais como era de velocidade e de ânsia consumista;

Pode-se verificar algumas características concentradas nessa cultura instantânea como busca de prazer imediato, o descompromisso com o outro a tolerância ao diferente e (des) construção e transgressão de regras, a violação dos corpos, a banalização de diferentes práticas e a realização de desejos efêmeros.” (PIRES, p 83, 2009)

Ainda seguindo a mesma linha de pensamento a autora reflete sobre a representação visual ter se tornado objeto de fascínio, e do forte apelo à criação de emoções fortes ligadas a violência e sexualidade.

Ao dissertar sobre o gosto do gênero humano em narrar fatos, Pires (2009), nos relata que os meios eletrônicos modernos foram os sucessores das antigas narrativas épicas e das reuniões tribais e familiares, que o gosto pela narrativa sempre esteve presente na história da humanidade em todos os tempos e em toda a cultura, constituindo dentro de seus diferentes modos, elemento caracterizador da identidade humana. Neste contexto a literatura aparece como instituição social, definida em suas características próprias e embrenhada nas possibilidades e limitações do seu tempo e local geográfico em que foi escrita.

A literatura infantil nasce com suas características próprias, refletindo a cada tempo quais eram e quais são as concepções sócias de criança e o que se é propicio ou não a estas.

O amor enquanto sentimento relacional entre homem e mulher, com seus desdobramentos e consequências aparecem nos contos tradicionais infantis, delineados pelas caracterizações do gênero e seus respectivos papeis na sociedade, a mulher cabia o papel passivo, de vítima que deveria ser salva por alguma força extraordinária, um príncipe, fada madrinha ou uma mágica poderosa, depois cabia-lhe o destino do casamento e mesmo que implicitamente a maternidade. Já o homem é retratado como o sujeito ativo, viril cuja suas ações são motivadas sempre pela nobreza de sua estirpe, quase sempre são príncipes ou heróis com alguma fidalguia, conquistando a mulher como troféu ou premio pela sua masculinidade. Já o amor nas histórias contemporâneas pode ser caracterizado pela rebeldia, inversão de papeis e até mesmo pela sua negação como a descrita pela autora em A princesa Sabichona escrito por Babette Cole, onde uma princesa se recusa a casar e para continuar solteira inventa provas impossíveis de serem cumpridas aos pretendentes e mesmo quando um destes realiza todas elas a princesa ainda possui um trunfo, transformando o noivo em um sapo e com isso conseguindo evitar o casamento e preservar sua condição libertaria de moça solteira.

No artigo Pires (2009) realiza uma definição da era moderna que embora se calque em premissas não muitos seguras e até certo ponto estereotipadas quando se refere ao aumento da pobreza e demais características econômicas da pós modernidade, já que não cita dados, fundamenta bem sua análise da literatura como constructo social fortemente alicerçado em seu tempo e espaço, levando esta análise a literatura infantil e aos conceitos de infância e livros destinados aos pequenos.

Ao adentrar em seu tema central, o amor romântico a autora explora as diferenças de gênero definindo claramente as situações estereotipadas e preconceituosas onde o modelo masculino, branco e ocidental é tido como elemento estável da sociedade tendo a família nuclear em sua orbita, já casos que fogem a esse padrão, como negros, homossexuais, mães solteiras e demais excluídos embora tolerados são tidos como elementos de instabilidade e ruído social.

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