mitos e lendas da educação brasileira

EDUCAÇÃO INFANTIL E OS MITOS DA INFÂNCIA



A Educação Infantil é sem dúvida os pilares educacionais de qualquer sociedade moderna nos dias de hoje, fato percebido pelos alemães já no final do século XIX e por toda Europa que implantaram com vigor seus sistemas de Educação Infantil sobretudo depois da 2º Guerra Mundial, tendo como exemplo mais claro a Itália cuja a pequena cidade da Região da Emillia Romana foi protagonista de uma das mais tocantes histórias de amor a infância, quando logo após os fins do combates os cidadães locais se reuniram para decidir quais seriam as prioridades de reconstrução, uma vez que a cidade estava arruinada pelos bombardeios Aliados e pelo saque que os alemães haviam realizado durante sua retirada, foi quase que por consenso que aquelas pessoas usando os restos de um velho tanque nazista, dois caminhões e pedras das ruínas de algumas casas, converteram um terreno abandonado em uma escola para crianças pequenas. Não é de se espantar que a região e especialmente a cidade de Reggio Emilia onde o fato ocorreu, atualmente ostenta o título de cidade com o melhor sistema educacional infantil do mundo. Contudo o Brasil ostenta hoje em qualquer esfera educacional, seja do berçário aos bancos dos doutorados, (não temos PHDs) conceitos dignos da Idade Média e aproveitado pela inércia de governos estaduais, federais e municipais, não somos capazes de construir um modelo de Educação Infantil genuinamente brasileiro. Nossas discussões se voltam para princípios pífios e até ridículos da pedagogia infantil, discutisse ainda se é propicio alfabetizar antes dos seis nos, enquanto na Finlândia crianças com cinco anos já escrevem pequenas resenhas sobre seus títulos preferidos, aqui mal se lê para os pequenos. Chegamos ao absurdo de questionar se a Pré-escola é benéfica a infância, talvez o que seja é ficar trancafiada em um apartamento vendo TV metade de sua vida ou pior ficar exposta nas ruas a todo tipo de perigo e mas influências.
Esse é o moderno equipamento oferecido a maioria dos educadores infantis nas escolas brasileiras.
Não é de se admirar que continuamos a oferecer a nossos crianças atividades desenvolvidas nos anos 40 e 50.
Contudo o mais espúrio debate é de uma mesquinhes que me faz duvidar estar no século XXI escrevendo diante de computador e postando este artigo na internet, refiro-me a duração das horas que uma criança deve permanecer na Educação Infantil, durante anos e motivados pelo habitual desinteresse dos governantes em financiar a educação as horas de aulas na pré-escola são reduzidas em comparação a da escola convencional, por rotina atribuísse isso a instabilidade infantil e de que essas horas ou melhor essa hora a mais, já que a diferença é de apenas uma, causaria cansaço e irritabilidade nos pequenos. Notamos contudo que tais opiniões além de terem um embasamento na teoria que as crianças devem ser educadas em casa e que a “escolinha” é apenas um paliativo, principalmente destinado a crianças carentes cujo os pais precisam trabalhar e que quanto antes voltarem a suas casas melhor. Isso além de desvalorizar todo a instituição gera um perverso efeito de casta onde professores com a mesma graduação ganham sensivelmente salários diferentes, preconceito aliais referendado pela Lei, que embora seja legal acaba não sendo moral. O fato é que por essa diferença, os profissionais da areá tem dificuldade em se aperfeiçoar e acabam por vezes e por necessidade encarando o emprego em creches e pré-escolas como mero bico ou complemento de renda.
Como dizia um velho conhecido, linha dura do tempo dos militares, trabalho que é trabalho é de mais de oito horas menos que isso é coisa de moleque que tá começando a vida.
Embora não concorde com a generalização deste conhecido, concordo com as oito horas de trabalho, sim para todos os níveis das Creches ao Ensino Médio, cinco horas em sala e três para preparo efetivo de aulas, reuniões e estudo, coisa normal de qualquer profissional que trabalhe com conhecimento e sua disseminação.
Mais isso é o Brasil e ainda estamos presos a nosso passado colonial e analfabeto, onde cultuamos jogadores de futebol acéfalos, fazemos economia para se embebedar e torcemos o nariz para comprar um livro quando a escola de nossos filhos solicita. Acho que quem melhor definiu o pensamento pedagógico brasileiro foi o jovem economista metido a educador Gustavo Ioschpe em um de seus artigos na Revista Veja:
Quando os educadores se referem à sociedade, o objetivo mais frequente não é perscrutar-lhe os anseios, mas reclamar. Não fossem os malditos pais dos alunos (que não cooperam, são incultos, bebem, mimam seus filhos, divorciam-se deixando famílias desestruturadas...), a escola brasileira produziria os resultados de uma Finlândia. Pior ainda, o pensamento educacional brasileiro é tão original e autóctone quanto a arquitetura que recria o neoclássico parisiense no topo de espigões às margens de rios fétidos. Somos o pior tipo de colonizados: formalmente livres, mas intelectualmente amarrados às antigas metrópoles.“

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